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História da Pia União das Filhas de Maria

Origem Histórica


A reunião de fiéis com o objetivo de venerar Maria remonta ao período medieval. A primeira referência que se tem sobre uma organização fraternal, tendo como patrona a mãe de Cristo, data do século XII, criada por Pedro de Honestis. Esta irmandade situada na Igreja de Santa Maria do Porto congregava homens e mulheres, religiosos e leigos, denominados de filhos e filhas de Maria. Os associados traziam pendendo do pescoço uma medalha e na cintura uma faixa azul . Esta seria a provável origem da associação denominada Pia União das Filhas de Maria. 

Após o Concílio de Trento (1545-1563) criou-se em parte do clero da Igreja Católica uma preocupação em reformar a prática religiosa do catolicismo fazendo com que as decisões do Concílio penetrassem na vida cotidiana dos fiéis, levando-os a compreender a necessidade da observância dos sacramentos, principalmente a confissão e a comunhão, e da prática das virtudes cristãs, sobretudo, a castidade. Neste sentido, a reforma proposta a partir do Concílio de Trento se estendeu pelo mundo nos séculos posteriores . Mas, para que os desígnios de Trento pudessem regular a sociedade era necessário empreender uma “reconquista católica” e, para esta finalidade, a figura da Virgem Maria aos poucos foi propagada como a condutora dos “exércitos católicos” que deveriam se opor a tudo que pudesse contrariar os ideários da Igreja Reformada. 

Então, no século XVI, uma irmandade baseada naquela fundada por Pedro de Honestis no século XII, chegou à França. É assim, que no transcorrer dos anos de 1594 a 1640 Pedro Fourier (um Cônego regular como Pedro Honestis), objetivando fomentar a piedade mariana na juventude feminina francesa, fundou na paróquia de Mattaicourt, a Congregação da Virgem Imaculada para as suas jovens paroquianas. Nesta associação as mulheres traziam como distintivo um escapulário de cor celeste que tinha impresso de um lado a imagem da Imaculada Conceição e de outro a inscrição Maria concebida sem pecado. Esse escapulário já se assemelhava com a fita que as Filhas de Maria ostentariam. Porém, a fundação de associações denominadas de Associação das Filhas de Maria só se daria com Catarina de Labouré para quem, no dia 27 de novembro de 1830, a Virgem Maria teria aparecido e a ordenaria que fundasse uma associação que recebesse o nome de Filhas de Maria. 

A associação fundada por Catarina de Labouré estava voltada para as mulheres religiosas. Estas mulheres deveriam ostentar em seus pescoços uma fita azul celeste da qual penderia, a Medalha Milagrosa, com a imagem da Virgem Maria sobre um globo, com os braços abaixados e as palmas das mãos viradas para frente. Ao redor desta imagem aparecia a frase: Maria concebida sem pecado (frase já encontrada na medalha utilizada nas associações fundadas por Pedro Fourier). Mas além desta frase havia o seguinte acréscimo: rogai por nós que recorremos a vós. Na parte posterior da medalha foi cunhada a letra M, encimada por uma cruz tendo um traço na base e, por baixo do monograma de Maria, dois corações representando o de Jesus (cercado por uma coroa de espinho) e o de Maria (com uma espada atravessada). A parte de trás da medalha ainda era adornada por 12 estrelas. A primeira desta associação foi estabelecida em 8 de setembro de 1837 na paróquia de Saint Pierre de Gros, em Paris com o nome de Associação das Filhas de Maria Imaculada. Em 20 de junho de 1847, o papa Pio IX aprovou a associação que teve seu primeiro manual tornado público em 1848. Nesse manual se encontrava os objetivos da associação. Entre esses objetivos estavam manter o louvor a Maria Imaculada, a santificação pessoal das associadas e o exercício do apostolado. 

Em 23 de janeiro de 1864 o pároco da igreja de Santa Inês, em Roma, Alberto Passéri fundou uma associação de Filhas de Maria seguindo o estilo daquelas que se desenvolveram nas casas das Filhas da Caridade na França. Passèri fez com que a associação fosse erigida com o título de Pia União das Filhas de Maria e que, além de estar sob o patrocínio da Virgem Imaculada, também estivesse sobre o patrocínio de Santa Inês que era a padroeira de sua igreja. Esta associação passou a ser de moças cristãs que tinham por finalidade evitar a proliferação do “mal” fazendo progredir a piedade cristã na honestidade dos costumes e na observância dos próprios deveres. Esta Pia União foi enriquecida com indulgências e privilégios concedidos por Pio IX em 16 de janeiro de 1866. Em fevereiro do mesmo ano, Pio IX acabou elevando a associação à dignidade de primária concedendo a Alberto Passéri o direito de agregar todas as outras, em qualquer parte do mundo, concedendo-lhes os mesmos privilégios de que gozavam a Primária. 

Foi Leão XIII que em 1879 instituiu Alberto Passéri como o diretor geral de todas as congregações das Filhas de Maria. A associação criada na Itália tinha por finalidade a promoção da glória de Deus, o aumento da devoção à Virgem Imaculada e a proteção da “inocência” das jovens levando-as, por meio de conselhos e práticas religiosas, ao cumprimento exato dos deveres para com Deus. Desta maneira, o objetivo desta associação era fazer com que as jovens tornassem obedientes e respeitosas para com seus pais, de forma que quando fossem solicitadas por Deus fossem capazes de reconhecer a sua vocação e cumpri-lá da melhor forma possível, independente de serem esposas, ótimas mães, religiosas no claustro, ou como leigas piedosas no meio do mundo. 

Com os incentivos concedidos à Pia União das Filhas de Maria, os pontífices Pio IX e Leão XIII, almejavam incentivar a instalação dessa associação feminina nas paróquias católicas espalhadas em qualquer parte do mundo. Na segunda metade do século XIX, começaram a surgir em diversas paróquias brasileiras, grupos de Pias Uniões das Filhas de Maria. 




Comentários

  1. Bom dia!
    Gostaria de receber mais informações para divulgar na minha comunidade.Penha - Rio de Janeiro
    José do Carmo.

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  2. Olá, Salve Maria 🌹 desejo fundar uma Pia União em minha cidade, como faço? Marialva - PR

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  3. Minha Avó entrou para a A Pia Uniao em 1946 em Curitiba, tenho guardado comigo seu Manual. Tenho muito carinho pelas coisas que guardei dela após o seu falecimento, em especial esse Manual, fico feliz em saber que ela fez parte na década de 40. Fiquei em busca da medalha, por algum tempo, infelizmente não achei, hoje tenho a medalha, o qual consegui comprar em um antiquário, e temho como recordação e lembranca da minha avó. Parabéns pelo conteúdo.

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